segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Geobacharel não tem medo de bamba

"Poesia de Geoeducador é classificada no Prêmio Noel Rosa de Poesia". Abaixo em primeira mão:

Mestre Rosa

por Geoeducador (Edson Borges)



Hoje soube que a Juju
morena e linda pequena
não sabia Geografia

Pensei que fosse normal
um descuido ou coisa e tal
coisa que ninguém sabia

Mas eu vi que o Mestre Rosa
de poesia poderosa
soube valorizá-la

Resolveu mandar fazer
uma fita amarela
para homenageá-la

Esse mesmo velho Noel
junto com os bichos no céu
hoje está sendo lembrado

  
E eu pergunto com que roupa
ei de ir no lançamento
deste livro publicado



Sei que não haverá só samba
mas com jeito meio bamba
vou soltando a minha voz


nestas linhas alinhadas
aliadas à saudade
dele no meio de nós



¹ Bacharel e Licenciado em Geografia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ. Professor da Rede Estadual de Educação do RJ.

OBS: Poesia classificada no Prêmio Noel Rosa em Poesia: comemoração do centenário do "Poeta da Vila". Ediatora Litteris. 2010

20/03/2010


domingo, 30 de maio de 2010

A RIQUEZA DA PAISAGEM DE IGUAÇU VELHA.

Paisagens Naturais e Históricas de uma Nova Iguaçu nostálgica de riqueza excepcional. A poucos minutos do centro de uma das maiores e mais problemáticas cidades da Baixada Fluminense esconde-se a Iguaçu Velha, área que deu origem a cidade,  teve grande importância para o desenvolvimento do país desde a época da colônia e que caiu no esquecimento com o advento da ferrovia. Monumentos tombados pelo patrimônio cultural como a casa grande da Fazenda São Bernardino e as estações de Cava e Tinguá dividem espaço com exuberância da Mata Atlântica preservada da Reserva Biológica do Tinguá e as fazendas que apostam do reflorestamento como atrativo turístico para quem deseja se divertir em contato com tudo de maravilhoso que a natureza pode oferecer.
O bairro do Tinguá nesse contexto possui grande potencial. Com sua proximidade do Rio Iguassú - antiga rota de escoamento de ouro das Minas Gerais e posteriormente, do café- a localidade foi estrategicamente escolhida para a construção da Estrada Real do Comércio, primeira estrada construída exclusivamente para o escoamento do café do vale do Paraíba que após cortar a serra do mar, descendo no Maciço do Tinguá, completava sua rota pelo rio Iguassú até desembocar na Baía de Guanabara no Porto Estrella. Com a crise do abastecimento de água da Capital, o Rei decidiu procurar novos mananciais para a captação. Novamente o Maciço do Tinguá mostrou sua importância. Juntamente com Rio D'Ouro e Xerém, recebeu os trilhos da linha auxiliar da Ferrovia Dom Pedro II - empreendimento feito exclusivamente para esse fim e que posteriormente teve seu uso estendido aos passageiros da Iguaçu Velha. Para preservar esses mananciais a corôa decretou a preservação do Maciço que já no século XX foi elevado à categoria de "Reserva Biológica" (ReBio), uma das mais intocáveis do país.
As fotos que veremos adiante são um pouco de tudo. Monumentos Históricos, Atividades do setor primário como a agricultura, áreas de Mata Atlantica preservada na APA (área maior que inclui até mesmo o centro do bairro) e a aposta no reflorestamento. Essas fotos foram tiradas durante a 5ª Jornada de Educação Ambiental promovida pela ONG Onda Verde com patrocínio da Petrobrás Ambiental.




Fotos 1 e 2: Fazenda São Bernardino - Marco Histórico da Cidade. Um dos exemplares mais completos de fazendas coloniais, a fazenda foi um presente (um dote) do Comendador Francisco Soares para seu genro Bernardino de Melo ao casar-se com sua filha. Tombada pelo Patrimônio Histórico e Cultural e abandonada pelas autoridades a construção do século XIX luta para não ser novamente tombada pelo Patrimônio Cruel do Tempo e do Esquecimento.










Figura 3 (esquerda): Estação de Cava e Figura 4 (direita): Estação de Tinguá. Estações do ramal da Linha Auxiliar da Ferrovia Dom Pedro II.Mais recente, essa estação data de 1917.




Figuras  5 e 6: O campo dentro da Cidade. A agricultura ainda é uma atividade muito realizada em meio à urbana e paradoxal Região Metropolitana. Na ocasião a terra tinha acabado de ser arada pela manhã (foto à tarde).

       
Figuras 7,8 e 9: Reflorestamento na Fazenda Atlantica com espécies nativas. À direita a plantação de Imbaúbas, no seguno estágio de regeneração da Mata Atlântica. A Fazenda Atlântica que tem como lema o "lazer e a preservação da Natureza".

Figura 10: Mudas para reflorestamento. O Trabalho da Ong Onda Verde visa priorizar  a restauração da Mata Ciliar (da margens dos rios) para preservar os manaciais através do projeto Cuidando da Águas).     

Figuras 11 e 12: Trechos do córrego que passa dentro da Fazenda Atlântica. Parte dele é represado para a formação de uma piscina natural.

 
Figuras 13 e 14: Esculturas. À esquerda uma simpática arara e à direita um temido jacaré. Para os mais desapercebidos eles nem podem ser notados ou então causar um susto considerável.

 Figuras 15 e 16: O transporte no passado. Esculturas mostram os meios de transporte da produção no século XIX.



 
Figura 17: Umas das expositoras da 5ª Jornada de Educação Ambiental, que foi realizada entre os dias 27 e 28 de maio dentro da Fazenda Atlântica. Na ocasião a representante do Instituto Estadual do Ambiente - INEA - estava palestrando sobre o programa Coleta Seletiva Solidária.


quinta-feira, 20 de maio de 2010

Mulinha Tecnológica



por Edson Borges Vicente*
Era uma vez uma mulinha simpática e trabalhadora.
Todos os dias seu dono lhe colocava para trabalhar pesado. Carregava pedrinhas preciosas em sua carroça. Pedrinhas de direrentes séries de tamanhos, cores e formas. Cada viagem uma leva pesada de pedrinhas - e nenhuma podia cair. Para tal trabalho, a mulinha havia sido adestrada por quatro anos e passado por um rigoroso exame que a escolheu entre muitas outras. Havia se saido bem por que já treinava bastante antes de terminar o adestramento.
Ela até que reclamava do esforço demasiado, porém não pestanejava em colaborar. De tempos em tempos ela ficava de greve e empacava. Certa vez a mulinha parecia estar ficando mais fraca devido à má alimentação que recebia daquele ser humano que a governava. Eram 730 quilos de capím por mês - quantidade insuficiente para mantê-la por todo o longo mês de trabalho.
Por mais que a mulinha empacasse no meio do caminho seu semblante era bem tranquilo e ela seguia todas as orientações do seu dono. Quando ele puxava a corda direita do arreio ela sabia que tinha que ir para a direita e quando ele puxava para a esquerda, ia a simpática mulinha para a esquerda. Tudo isso com o cuidado para não deixar cair ou espalhar as pedrinhas tão valiosas que costumava carregar, cada qual de uma série diferente de tamanhos cores e formasm porém, todas muito valiosas.
Tudo ocorria assim até que o seu dono não mais passou a guiar a carroça que a mulinha puxava...
Para total espanto da mulinha trocaram sua carroça por uma carroça tecnológica, cheia de parafernalhas informatizadas. Aquela mulinha ficou desesperada. Agora já não havia mais arreio. Umas luzes piscavam de um lado e de outro a indicando as direções que ela deveria seguir. Sons indicavam quando parar e voltar. Ela não compreendia aquilo já que seu dono simplesmente havia sumido. No lugar dele somente botões e mais botões.
No primeiro dia a mulinha acabou se perdendo. Não sabia como puxar sua carroça tecnológica. Rodou, rodou o dia todo até gastar a energia da porção diária de capim. Cansada e fraca resolveu voltar para casa para comer - caminho ela sabia de olhos. Certa de que seu trabalho era muito importante para seu dono e para aquelas pedrinha preciosas, esperava receber um porção a mais de capim para condizer com o trabalho a mais que deveria fazer tão solitária.
Chegando em casa ela teve outra grande decepção: a porção de campim era a mesma que recebia nos tempos da carroça com arreio: 730 quilos de capim po mês. Mudou a carroça -agora era carroça tecnológica- mas nada mudou quanto ao capim. Já esgotada ela ainda teve que passar a noite com fome até receber a porção do dia seguinte.


Um Grande abraço a todos os Professores do Estado do Rio de Janeiro!




* Geografo Bacharel e Licenciado pela  Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Professor da rede estadual do Rio de Janeiro. Professor e coordenador do Pré-vestibular para Negros e Carentes - PVNC Cabuçu

sábado, 15 de maio de 2010

Escrevendo uma Vida

por Edson Borges Vicente




Edson Borges – Geoeducador

Sou Feito de caneta e papel.
Meus membros são palavras,
meu coração é uma enorme folha e, nela,
são escritas tantas coisas.
O mais difícil é apagá-las quando necessário.
O jeito é esperar que com o tempo elas se percam.
Algumas são fáceis como se escritas a lápis,
outras dão mais trabalho e às vezes não se apagam.
Às vezes dói quando é rasgada uma linha
e essa dor faz as frases se desordenarem.
Meus sentimentos são expressos nessas linhas,
lendo-as pode-se decifrar meus sonhos:
palavras tristes são minhas lágrimas,
belos versos são meu sorriso.
Para eu descrever minha vida basta que eu a escreva
e nesse momento, para que eu termine,
um ponto final não se encaixa
pois isso não é o final.
Um conto não é suficiente para que eu conte essa história.
Há muito ainda em mim a ser escrito...
e muitos escritos em mim a serem lidos.
palavras a escrever e uma vida a contar,
caneta e papel a se encontrar.

(Esse texto foi escrito em 2001 e revisado e alterado em 29/05/2012. Aguardava ansiosamente um concurso de poesias em que a palavra fosse uma viagem de uma vida).

Geoeducador
Publicado no Recanto das Letras em 21/12/2008
Código do texto: T1347032

Filha do Rio Peixinho é!


SÉRIE PENSANDO - LITERATURA - CRÔNICAS

por Edson Borges Vicente* 06/05/2010

Hoje percebi que reduziram o intervalo entre um ônibus e outro no centro de Nova Iguaçu. Por ironia, porém, constatei que o tempo entre a partida dos mesmos e a chegada em seus destino aumentou. É que a nostálgica cidade-perfume envelheceu. Conhecida como “mamãe” da Baixada, ela não deixa de lado sua herança de filha: filha do Rio.
Parado em um dos cotidianos engarrafamentos da Via Ligth eu me toquei - por não estar com o celular com radinho ligado na Alfa FM como de costume – que a atual Cidade-Shampoo é igualzinha à sua metropolitana mãe: crescimento desordenado, péssima infra-estrutura, ineficaz planejamento urbano, etc... Tudo o que faz com que muitos gastem mais tempo entre as baldeações, ao ir e vir para o trabalho na cidade maravilhosa, do que efetivamente trabalhando.
Foram quase trinta minutos em um percurso de pouco mais de cinco quilômetros. E o tempo é cruel quando só se ouve “a voz do Brasil” nas estações de rádio (oficiais). Que ironia! Logo eu que sempre dizia: “odeio a Central do Brasil”; “odeio a Av Brasil”. Pouco diferem do calçadão iguaçuano e a Via Dutra. Afinal, “filho de peixe peixinho é!” Ou melhor: “Filha do Rio peixinho é”.

* Graduado em Geografia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ, professor da Rede Estadual do Rio de Janeiro, professor e Coordenador do PVNC Cabuçu.

Coleção de Haikais 3, 4 e 5 Nuvem Pequena e Seródias I e II

SÉRIE PENSANDO - LITERATURA - HAIKAIS



Haikai 03100318 Nuvem Pequena


Oh! nuvem pequena
traz abundante água viva
Cristo Salvador
Geoeducador
Publicado no Recanto das Letras em 02/04/2010
Código do texto: T2173487






Haikai 04100318 - Seródia



A Seródia vem
faz florescer as videiras
traz de volta a vida
Geoeducador
Publicado no Recanto das Letras em 02/04/2010
Código do texto: T2173495






Haikai 05100318 - Seródia II


chuva temporã
a Seródia como outrora
nos traz a água viva
Geoeducador
Publicado no Recanto das Letras em 02/04/2010
Código do texto: T2173505

EDUCAÇÃO TROUXE DECEPÇÃO

                                                    Por Edson Borges Filadelfo
CLASSIFICADO NO CONCURSO DE POESIAS "DE VIAGEM PELA PALAVRA" DA LITTERIS EDITORA" 2012

Disponível também em whttp://recantodasletras.uol.com.br/contos/1379447

 

EDUCAÇÃO TROUXE DECEPÇÃO


Edson Borges – Geoeducador


 


Sem dúvida, João era simpático e trabalhador. Porém era homem matuto, da roça, e aonde chegava tudo ia bem até ele abrir a boca, pois falava mal. Já sua mulher, Ritinha, menina estudada, criada na cidade, tinha vergonha de João. Por isso, só conversavam a sós.

Numa dessas conversas, João dizia:

-   Mai Ritinha, pruquê oçê veio imbora da feista dispois qui eu chegei perto di oçê e disse: “Ritinha, mai qui cabrita mais fromosa, cê tá rebentando nessa feista”. E, até fui cavalêro cum suas amigas; chamei inté elas pra vim na nossa fazenda i bebê leite tirado na hora da nossa Gertrudes. E óia que num é quarqué um qui tem esse privilégiu não!

Ritinha gostava de João mas ficava sem graça diante de suas amigas que muito riam dela. Então disse a João:

-   Olha amor, você sabe que eu te amo, não sabe?
-   Mai é craro qui sei!
-   Então promete que me faz uma coisa se eu pedir?
-   Ara, prometo minha frô.
-   E não perguntará por que?
-   Tá tudo bem, eu faço o qui oçê pidi!
-   Então é o seguinte: não fale comigo na presença de minhas amigas, nem vá à festas comigo como um Jeca. É por amor está bem? Einh  meu cabritinho?
-   Sô seu bodi véio minha cabrita!

Haveria uma grande festa na cidade e Ritinha estava doida para ir. Iria acontecer um tal de Blackout e, por alguns minutos, o salão ficaria às escuras. Como João não tinha roupas adequadas para aquele tipo de festa, Ritinha conseguiu convencê-lo a ficar em casa.

Faltando uma semana para a festa, João pensou consigo mesmo: “eu vô inté a casa du meu cumpadi da cidade. Vô pidi ele pra imprestá umas rôpa i mi insiná uma frase bunita preu dizê pra Ritinha. Ela vai dorá. Vô proveita esse tal di blecauti pra falá prela. Ela num vai nem creditá”.

E, assim foi. Ritinha nem sabia o que João lhe preparava. E João foi à cidade sem que ela chegasse da casa de sua mãe que era em outra cidade.

Quando chegou o dia da festa Ritinha se produziu toda, ficou linda e com um beijo despediu-se de João dizendo:

-   Meu cabritinho, não se preocupe pois logo estarei de volta, esta bem?
-   Sou seu bodi véio minha cabrita! E, podi í tranqüila qui eu vô ficá bem, só num vorta muito tardi qui eu já tô inté cum saudadi.
-   Tudo bem, meu cabritinho!
-   Sô seu bodi véio minha cabrita!

Logo assim que Ritinha saiu para a festa, João se arrumou. Passou gel no cabelo, o qual seu amigo lhe havia dado, vestiu a roupa emprestada e partiu também.

Ritinha já estava embalada na festa quando João chegou. Ela não o viu e em poucos minutos chegou a hora do esperado Blackout. Tudo ficou na penumbra. Nesse momento João chegou para Ritinha e falou:

-   Minha vontade, nesse momento, é de tomá-la em meus braços como jamais fiz antes. E seria a melhor noite de amor que já tivemos. O que acha minha princesa?

Então Ritinha respondeu:
-   Mas desta vez tem de ser rápido pois o Jeca do meu marido está em casa me esperando e pediu para que eu voltasse cedo!
                                        FIM!

(Esse texto foi escrito em 28/04/2002 e revisado e alterado em 29/05/2012).


¨  Edson Borges Filadelfo (Geoeducador) Bacharel e Licenciado em Geografia pela UERJ,  Professor da Rede Estadual do RJ e Professor da Rede Municipal da Cidade do Rio de Janeiro, Graduando em História pela UNIRIO. Contatos: www.geoeducador.blogspot.com
Geoeducador
Publicado no Recanto das Letras em 11/01/2009
Código do texto: T1379447

sábado, 20 de março de 2010

HaiKai 02100318 - Chuvas de Março





as chuvas de março

vem regando flores secas

acordando frutos


Por Edson Borges Vicente
http://recantodasletras.uol.com.br/haikais/2148401

OS MOVIMENTOS DA SOCIEDADE COMTEMPORÂNEA

SÉRIE PENSANDO - CIÊNCIA - GEOGRAFIA

*Edson Borges

Bacharel e Licenciado em Geografia pela
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Professor da Rede Estadual do RJ
Professor e Coordenador do PVNC Cabuçu

3ª DO PLURAL
"Corrida pra vender cigarro - Cigarro pra vender remédio
Remédio pra curar a tosse - Tossir, cuspir, jogar pra fora
Corrida pra vender os carros - Pneu, cerveja e gasolina
cabeça pra usar boné - E professar a fé de quem patrocina
 Eles querem te vender - Eles querem te comprar
Querem te matar (de rir) - Querem te fazer chorar
Quem são eles? Quem eles pensam que são?
 Corrida contra o relógio - Silicone contra a gravidade
Dedo no gatilho, velocidade - Quem mente antes diz a verdade
Satisfação garantida - Obsolescência programada
Eles ganham a corrida - Antes mesmo da largada
 Eles querem te vender - Eles querem te comprar
Querem te matar (a sede) - Eles querem te sedar
 Quem são eles? Quem eles pensam que são?
Vender... comprar... vedar os olhos - Jogar a rede... contra a parede
Querem te deixar com sede - Não querem te deixar pensar
Quem são eles? Quem eles pensam que são?"
Engenheiros do Hawaii (grifo nosso)

            Segundo Santos “tudo neste mundo é regido pela lei do movimento” (1986, p. 26). Vivemos em um mundo em movimento. Para entendermos essa dinâmica é preciso uma reflexão que ultrapasse a visão reducionista e pragmática, uma visão que leve em conta as entrepernas da totalidade, totalidade essa vista como um “realidade fugaz, que está sempre se desfazendo para voltar a se fazer” (op cit p. 94) e “só o estudo da história dos modos de produção e das formações sociais nos permitirá reconhecer o valor real de cada coisa no interior da totalidade (p. 26).

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Resenha do texto: A América Latina e a comercialização da Educação de Juçara Dutra Vieira

SÉRIE PENSANDO - CIÊNCIA - EDUCAÇÃO
Edson Borges Vicente[1]

            Gaúcha, de formação em Literatura, militante de esquerda, Juçara Maria Dutra Vieira ocupou cargos na CNTE, na Internacional da Educação participando do Fórum Social Mundial e atualmente foi indicada e integra o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, fórum de interlocução com a sociedade brasileira, instituído pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
            O Artigo de Vieira intitulado: “A América Latina e a comercialização da Educação” aborda de maneira crítica e coerente os movimentos do sistema capitalista em prol da deterioração da educação pública, como forma de preservar a estrutura social, uma vez que, segundo Goodson a escola moderna surgiu como meio de legitimar a classe burguesa como classe social já que esta não tinha a hierarquia religiosa nem o sangue nobre. Sendo assim, a escola que hoje é considerada um direito de todos tem de arranjar mecanismos de separação dos que “podem” aprender e os que “não podem”. Poderíamos considerar que a escola é para todos mas a educação é para poucos.

RESGATANDO O JÓVEM REPORTER II - Matéria PVNC Cabuçu


Matéria sobre o PVNC Cabuçu que não foi publicada no Jóvem Reporter

PVNC Cabuçu, Realizando Sonhos – 23-03-2009 - Para o site www.jovemreporter.blogspot.com 
                                    Por Fernanda Bastos da Silva
  
Ingressar no ensino superior em uma renomada universidade pública não é mais um sonho distante ou apenas realizado por quem nasceu em berço de ouro. A cada dia, crescem as iniciativas, comunitárias ou políticas, que visam oferecer uma oportunidade aos menos favorecidos, estudantes das camadas mais pobres da sociedade. Os chamados Pré-vestibulares comunitários, sociais ou similares, surgidos a partir da década de 1990, em especial no Estado do Rio de Janeiro, já ajudaram milhares de estudantes, trabalhadores e até mesmo idosos a conquistarem esse direito de cidadão. O primeiro deles surgiu no ano de 1993 em São João de Meriti, Baixada Fluminense. O chamado Movimento Pré-vestibular para Negros e Carentes (PVNC), composto por vários núcleos em todo o Estado. De lá para cá inúmeros outros foram criados.
Em Nova Iguaçu isso não é diferente. Existem diversos núcleos de pré-vestibular comunitário além do CPV de iniciativa Municipal. Um deles é o Núcleo do PVNC que existe no Bairro Cabuçu. O chamado “PVNC Cabuçu”. Ele foi criado por ex-alunos do Pré Catedral Santo Antônio (Centro) em 1997 por Luciana Barreto (Jornalista pela PUC-RIO e Professora de Redação do Núcleo, hoje apresentadora da rede de tv “TVE Brasil”) e Flávio Médici. Ambos tinham em mente expandir o movimento e é claro proporcionar à população do seu bairro de origem uma oportunidade de conquistar seu espaço nas Universidades Públicas. O PVNC tem seu espaço virtual no sitewww.pvnccabucu.blogspot.com onde são divulgadas suas informações, seu informativo impresso (o Pré-informar) e atividades como o simulado ocorrido no dia 07 de março (fotos desta matéria) deste ano além de trabalhos realizados pelos alunos como redações.  Alguns dos responsáveis pela continuidade do projeto puderam demonstrar como o trabalho social voluntário é importante em suas vidas.
    “O PVNC ampliou meus horizontes sociais e políticos, modificou meu conceito de solidariedade, me possibilitou novas amizades e uma diversidade enorme . Permitindo-me ingressar nas Universidades Públicas.”Márcio Fontes - 29 anos Coordenador e Professor faz parte da grande família PVNC desde 2002, Já foi aprovado na  UFRRJ (Rural) para o curso de Pedagogia e na UERJ para o curso de Português e Latim. Ele disse que conheceu o “Pré” através de um professor de matemática (Marcelão, também ex-aluno e formado pela UFRRJ). Márcio encerra nossa entrevista dizendo que: “...alguns querem apenas status, não se importam de verdade com o PVNC e isso é o que nos entristece”.
     Luiz Vitória – 45 anos também Coordenador diz:“Estou no PVNC desde 2005 e costumo dizer o seguinte: Não há vitória sem sacrifício. Gosto dessa frase! Sacrifício significa abrir mão de fato das coisas que gostamos. É uma renúncia. (...) Sempre gostei da “causa social” (...) Percebi que não fazia nada por NI, pois trabalhava no Rio, então conheci o PVNC através de amigo. (...) É satisfatório demais, digo que não temos pernas, todos aqui são voluntários e temos apenas os fins de semanas e isso não é o bastante”.  Luiz cursa Direito na Universidade Gama Filho- Rio de Janeiro.    
     Pensei que seria bom falar com alguém que foi aluno, depois passou a fazer parte da coordenação e tornou-se professor do PVNC Cabuçu, permanecendo por 6 anos ininterruptos no movimento; metade da história do pré (e por incrível que pareça esse alguém é meu noivo). Edson Borges Vicente – 26 anos. Ele ingressou no PVNC em 2003 como aluno, colaborou com os procedimentos burocráticos dos vestibulares realizados por seus amigos de turma ainda no tempo em que quase nada era informatizado. Aprovado para Geografia UERJ Baixada Fluminense (FEBF) e Química (CEFETQ) ele disse que foi “convidado” a fazer parte da coordenação “obrigatoriamente”. No ano de 2004 assumiu as três funções: professor (Física e Geografia), coordenador e aluno (pois ele não desistiu de tentar novamente para o Campus Maracanã da UERJ, com o sonho de também cursar o bacharelado - além da licenciatura- em Geografia, no qual também obteve êxito). Para ele o pré-vestibular é parte de sua vida. Disse dever metade de suas conquistas aos amigos que lhe acolheram e que passaram a ser seus companheiros de luta.
“Através dele (PVNC Cabuçu)conquistei minha(s) vaga(s) na universidade; aprovação em concurso público para a Prefeitura de Paracambi; meu emprego público na Prefeitura de Nova Iguaçu (Ag. Educador da SEMASPV); desenvolvi minha profissão de professor; vi ampliar meus horizontes culturais e meu senso crítico; fui aprovado no Magistério Estadual (SEERJ), conheci grandes amigos que me ajudam até hoje e identifiquei os meus verdadeiros amigos (entre eles, Gilson Bispo) que me incentivaram a lutar e até mesmo conheci e conquistei minha noiva e futura esposa, que hoje trabalha comigo e que me deu o orgulho de também ser vencedora no vestibular (Minha noiva-jovem-repórter Fernanda Bastos) (...) Espaço de cidadania; escola; roda de amigos; trabalho e Família. Isso é o PVNC Cabuçu pra mim”. Disse ele.
            Como visto, eu também fui aluna do pré e graças a ele comecei a conquistar espaço e buscar crescimento profissional e social em várias áreas, a valorizar a luta de iniciativa popular e venci. Hoje sou graduanda em Gestão Ambiental pelo IST Paracambi da SECT-RJ/FAETEC e reconheço a grande importância do Movimento. Na coordenação busco retribuir o valor que me foi acrescentado pelos militantes e, como a primeira universitária de uma família de oito irmãos, ver a minha aprovação como a primeira de uma mudança estrutural que continua com minhas duas irmãs (Isabele e Ingrid Bastos) tornando-se alunas do PVNC Cabuçu neste ano.
Quem deseja conhecer um pouco mais do PVNC Cabuçu basta acessar o site ou ir ao C. E. Sgto Antônio Ernesto (CESAE) aos sábados e domingos para encontrar uma galera que está “correndo atrás” dos seus sonhos e que está mudando a cara de sua comunidade.
Beijos!!!